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Portos no ES viram atracadouro para o tráfico internacional de drogas

 

Somente neste ano, a Polícia Federal já apreendeu uma tonelada e meia de cocaína em contêineres ou misturados a mercadorias. Isso significa mais de R$ 357 milhões ilegais

 

Foto: Marcelo Prest (Gazeta)

 

A fragilidade da segurança e a falta de fiscalização no complexo portuário do Espírito Santo têm facilitado a ação de quadrilhas especializadas em tráfico internacional de drogas. Do começo deste ano até agora, 1.500 quilos de cocaína já foram apreendidos pela Polícia Federal, totalizando US$ 105 milhões – algo em torno de R$ 357 milhões.

A carga ilegal tem como principal destino a Europa e muitas vezes segue viagem dentro de contêineres e escondida em mercadorias. Para agravar o cenário, o esquema conta, inclusive, com a participação de funcionários dos portos, segundo informação da Polícia Federal.

Na última quarta-feira, a PF apreendeu 253 quilos de cocaína em um contêiner que iria para a Espanha através do Porto de Capuaba, Vila Velha. Considerando-se o valor do quilo da cocaína na Europa, de US$ 70 mil, a droga apreendida vale mais de US$ 17 milhões.

Na ocasião, o presidente da Desportiva Ferroviária, Edney Costa, e outras seis pessoas foram presas. Ele é portuário e acusado pela Polícia Federal de ser “peça central” da quadrilha.

Segundo o delegado Leonardo Damasceno, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, os portos capixabas precisam reforçar a segurança para não se consolidarem como rota do tráfico internacional. “O tráfico internacional pelo modal marítimo é uma realidade. Temos recordes atrás de recordes de apreensão nos portos. O porto de Santos bateu o recorde ano passado e nesse ano já bateu o recorde novamente. Os terminais têm que se adaptar a essa nova realidade, têm que aumentar a segurança para não serem alvo fácil dessas organizações (criminosas)”, avaliou.

APREENSÕES

Em outubro, 433kg de cocaína foram flagrados em um navio que iria para a Bélgica, através do porto de Vila Velha. Em setembro, 500kg de cocaína foram encontrados dentro de um bloco de mármore, em Cachoeiro de Itapemirim, e 123kg da droga foram apreendidos em blocos de granito na Serra. Tudo isso deixaria o Espírito Santo pelos portos.

Para o especialista em Segurança Pública e Privada Alexandre Domingos, falta de tecnologia, pouca estrutura da Polícia Federal e o envolvimento de funcionários são alguns dos facilitadores do esquema ilegal.

“Quando a Polícia Federal rastreia um, pode ter certeza que vários já passaram. Os portos, de uma forma geral, são muito vulneráveis. Não existe controle de cargas e com o nível de tecnologia de um aeroporto. São contêineres enormes, muitos navios, e a Polícia Federal e Guarda Portuária não têm efetivo para fazer um trabalho de qualidade. Torna fácil trabalho de traficantes”, afirmou.

CONIVÊNCIA

O especialista ainda destacou que para o tráfico de drogas funcionar na área portuária é necessária a participação de funcionários do porto, pessoas que participam do processo de carga e descarga.

“É um grande mercado de bilhões e bilhões de dólares e eles compram pessoas no mundo todo. Às vezes aquele funcionário nem tinha uma índole ruim, mas está passando por uma situação de necessidade e acaba aceitando a grande quantia, que para o traficante não é quase nada”, ressaltou.

Para Domingos, outros órgãos de controle policial teriam que auxiliar no combate às drogas que entram e saem nas embarcações. “Deveria existir uma parceria entre Polícia Federal, Militar, Civil e até mesmo com a segurança privada. A legislação deveria permitir isso e com atuação eficiente do Judiciário”, alertou.

OUTRO LADO

Procurada, a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), informou que o porto público conta com segurança feita pela guarda portuária, que é treinada e capacitada, com a contribuição da Policia Federal. Além disso, há a inspeção cargas feita pela Alfândega, que fiscaliza os terminais públicos e privados.

A Codesa informou, ainda, que a atuação de fiscalização nos terminais públicos continuará sendo feita de forma rigorosa e que em toda suspeita de tráfico, a guarda portuária aciona a Polícia Federal e a Alfândega.

Já em relação aos terminais privados, a Codesa informou que não possui direito de fiscalização e que esse trabalho é feito pelas empresas de segurança contratadas por cada terminal, além da Polícia Federal e da Alfândega.

"A Codesa lamenta o ocorrido e parabeniza o trabalho da Polícia Federal, se colocando a disposição sempre que for preciso para ajudar na apuração deste e outros casos", informou a assessoria de imprensa da Companhia, por telefone.

 

Fonte: Gazetaonline

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